O que é ghostwriting?
top of page
  • Foto do escritorHellen M. Amorim

O que é ghostwriting?

Atualizado: 22 de fev.

Um guia completo para esclarecer o fascinante trabalho do ghostwriter


 


✦✦✦


Introdução


Imagine que você é um ceramista. Você está trabalhando em um grande vaso. Você o modelou por um certo tempo e ele já descansou. Há pouco, você refinou sua forma. Você o lixou, deu algumas pinceladas gerais no fundo e o coloriu. Agora, é preciso cuidar dos últimos detalhes. Você precisa ver se tem algo fora do lugar que pode ser reparado e dar o arremate.


Pronto, você o fez! Ficou lindo!


Assim como um ceramista, o escritor é alguém que faz arte com as mãos. Escrever é como trabalhar e modelar o vaso. Preparar é como refinar a peça. Revisar é como reparar o que ficou aquém. Seguindo esses passos, o trabalho resultará na sua melhor versão possível.


É sobre essa primeira e basilar etapa da produção de um texto que vamos conversar. Porém, nos ocuparemos do trabalho de um escritor especial, o ghostwriter.


✦✦✦


1 O que é ghostwriting?


Nunca vamos esquecê-los, nem da última vez que os vimos – nesta manhã, enquanto se preparavam para a sua jornada, e, com seus acenos de despedida, ‘se desligaram das bordas ásperas da Terra’ para ‘tocar a face de Deus’”.


Esse é o trecho final do discurso de Ronald Reagan, então presidente dos Estados Unidos, referente ao acidente com o ônibus espacial Challenger. Em 1986, diante dos olhos da nação, sete pessoas morreram. Foi aterrador e comovente. Em poucos segundos, o entusiasmo e os sorrisos se transformaram em lamentação e lágrimas.


A melancolia e a saudade estão nas palavras proferidas por Reagan, mas escritas por Peggy Noonan, uma de suas redatoras de discursos.


No dia da tragédia, ela teve que redigir o texto imprevisto em pouco tempo. Assim como seus compatriotas, Noonan estava consternada, mas ela não estava ali para descrever o que sentia. Sua função era dar voz ao presidente. Afinal, ela era uma ghostwriter, ou seja, uma escritora anônima.


Ghostwriting é o serviço de escrita em que um profissional, que é o escritor fantasma, é contratado para criar textos que serão creditados a outra pessoa, que é o verdadeiro autor da obra, ou seja, o detentor dos direitos sobre ela.

Embora pareça estranho para algumas pessoas, é uma atividade lícita em quase todas as suas formas. Além disso, é muito útil e bonita. Noonan fornecia ao presidente o que há de melhor nela, que é a sua habilidade com as palavras escritas, para que ele pudesse exercer sua função política com mais qualidade.


Trata-se de um ofício tão antigo quanto a linguagem escrita e alguns de seus clientes são bem conhecidos: políticos e celebridades. No entanto, qualquer pessoa que tem um conhecimento para compartilhar ou uma história para contar pode confiar no ghostwriter para transmitir suas ideias ao mundo.


O mais comum é que esse serviço seja executado com a proteção de uma cláusula de confidencialidade. Assim, esse profissional tem o dever legal de manter o anonimato sobre sua contratação. Em alguns casos, porém, o próprio autor é tão grato que o reconhece na obra. Ele pode, de fato, admitir o escritor fantasma como o coautor da escrita ou pode mencionar seu nome verdadeiro nos agradecimentos.


✦✦✦


2 O que é escrito?


A gama de possibilidades para o ghostwriting é vasta. Pode-se escrever:


  • os mais variados discursos;

  • livros de todos os tipos;

  • artigos para blogs de qualquer área;

  • páginas de vendas para produtos de qualquer natureza;

  • trabalhos acadêmicos simples e complexos;

  • roteiros de vídeos e de podcasts;

  • histórias em quadrinhos;

  • e, até mesmo, cartas, poemas e músicas.


Como você pode perceber, a maioria delas é legítima. A única exceção é o ghostwriting para trabalhos acadêmicos. Por ser a terceirização de um trabalho intelectual tão caro à sociedade, torna-se uma atividade desonesta.


Na Merida Escrita, focamos na produção de manuscritos, ou seja, de originais que darão vida a livros, sejam impressos, sejam digitais.


2.1 Originais impressos (livros)


Sabe aquela seção mais chamativa das livrarias, a que fica bem na entrada, cheia de casos de sucesso e de temas interessantes? Então, ela está contaminada com os espectros de escritores anônimos.


O ghostwriting de livros compreende todos os gêneros. Porém, no Brasil, essa atividade se concentra na escrita de manuscritos de não ficção.


Os livros mais solicitados aos ghostwriters são os mais pessoais, como biografias, e os mais técnicos, como obras de divulgação. Logo, eles são hábeis na escrita de textos longos e fluidos.


Além disso, eles podem entregar um manuscrito completo ou um manuscrito complementar.


No primeiro caso, o escritor fantasma escreve tudo do zero: o esqueleto do texto, o sumário, os capítulos e as demais partes do livro. Geralmente, o autor só tem uma ideia na cabeça, um sonho no coração e os materiais de pesquisa. Então, o escritor recebe todo esse conteúdo, o organiza e o transforma em um original. Esta é a modalidade com a qual trabalhamos.


No segundo, ele auxilia o autor. Geralmente, o autor já tem um direcionamento nítido e concreto para a sua obra. Ele já fez um esqueleto do texto, já sabe o que quer em cada capítulo e já está com a pesquisa completa. Então, o escritor fica a cargo de auxiliá-lo com essa escrita previamente arquitetada. Nessa situação, as possibilidades de contribuição são inúmeras. Nós entendemos que esta modalidade encontra-se no escopo da preparação.


Em ambos os casos, existe uma etapa prévia: a entrevista que o escritor faz com o autor. Só o caso concreto pode dizer qual será a profundidade e a duração desse primeiro contato e dos que virão.


O ghostwriting de originais é um trabalho muito pertinente porque carrega consigo o que chamo de “privilégio da linguagem escrita”, que consiste na sua perpetuação no tempo e no espaço. Depois de morto, o autor desaparece das dimensões físicas. Suas ideias, não. Quando registradas, podem ser lidas por anos, séculos, milênios. Podem ser traduzidas para dezenas de idiomas. Podem ser discutidas em qualquer lugar do mundo.


Tais possibilidades são um irresistível atrativo para aqueles que querem deixar sua marca no mundo. Com um escrito que leva seu nome, as gerações vindouras saberão que você existiu e deixou sua contribuição.


O melhor de tudo é que, na nossa época, as formas de tornar isso realidade são muito maiores. Não existe mais a dependência de editoras para a publicação de livros. A autopublicação é uma tendência de mercado que, provavelmente, veio para ficar.


2.2 Originais digitais (e-books)


Se as livrarias são um mar de espectros de escritores anônimos, a internet é o oceano inteiro. Afinal, o ghostwriter de e-books é um tipo de ghostwriter de originais.


Portanto, as mesmas considerações feitas anteriormente valem para esse tipo de manuscrito. É até mesmo comum que autores publiquem a mesma obra nas duas versões: impressa e digital.


Contudo, embora os e-books sejam semelhantes aos livros tradicionais em termos de conteúdo, eles se diferenciam por algumas vantagens. As mais notórias são a escalabilidade e a fácil distribuição.


Por ser vendido na internet, um meio muito mais acessível do que as livrarias, um e-book pode ser comercializado e lido por anos a fio e em quantidades infinitas. Nesse caso, a mesma barreira espaço-temporal que os livros impressos ultrapassam fica ainda mais enfraquecida. A materialidade virtual praticamente a faz desaparecer.


Além disso, tais peculiaridades também tornam o retorno financeiro do autor mais rápido: se ele pagou X valor ao ghostwriter, esse investimento pode voltar às suas mãos mais cedo do que o esperado.


E o melhor, o e-book desfaz totalmente a dependência de editoras para publicação. Os livros impressos podem ser publicados de forma independente, mas o autor ainda está atrelado a muitas etapas de produção. Já os livros digitais podem ser vendidos como quaisquer outros produtos com uma página de vendas, a qual pode ser escrita pelo próprio escritor fantasma.


3 De que forma é escrito?


No ghostwriting, trabalhamos com seis formatos de manuscritos, distribuídos em duas classes: obras de divulgação (científica, profissional ou metodológica) e biografias (autobiografia, biografia afetiva e biografia organizacional).


3.1 Obras de divulgação


Sócrates e Platão: qual elo une os dois ilustres filósofos do ocidente? Uma admirável relação entre mestre e discípulo? Certamente. Porém, isso não é tudo. Sócrates não escreveu uma linha do que está nos seus livros. Nós só temos acesso à sua sabedoria porque Platão a transcreveu para o papel em seu nome. Platão foi o ghostwriter de Sócrates.


Qualquer pessoa que, assim como o filósofo, tem um conhecimento para transmitir, pode fazê-lo por meio da autoria de um original escrito por um ghostwriter. Nós classificamos esse manuscrito como uma “obra de divulgação”.

A obra de divulgação é aquela que se destina a disseminar um tema factual específico.

A partir de uma linguagem acessível, suas principais funções são ensinar e entreter o leitor. Sua escrita é repleta de explicações simples e de exemplos práticos que transformam um assunto complexo em um conteúdo compreensível para não especialistas.


3.1.1 Científica


Os fatos específicos que mais carecem de compreensão são os fatos científicos. A constatação do astrônomo Carl Sagan é certeira: nós estamos imersos em um mundo cujo funcionamento depende da ciência, mas, nesse mesmo mundo, quase ninguém a entende.


Um estudo global realizado em 2018 pelo instituto 3M concluiu que, no geral, 32% dos entrevistados são céticos em relação à ciência e, entre eles, 60% acreditam que, se a ciência não existisse, a vida cotidiana não seria muito diferente. Já entre os brasileiros, embora 88% considerem a palavra ciência “fascinante” e 94% se sintam “esperançosos” ao ouvi-la, 90% admitiram saber “nada” ou “um pouco” sobre ciência em geral e 66% deles “nunca” pensam ou pensam “pouco” sobre o impacto da ciência em suas vidas cotidianas.

Logo, as obras de divulgação científica são cruciais para desfazer esse paradoxo.


A obra de divulgação científica é aquela que se destina a propagar conhecimento científico a partir de um tema factual específico.

Seus autores são cientistas, professores ou pesquisadores das três grandes áreas (Ciências Biológicas, Ciências Exatas e Ciências Humanas), que dominam – e, não muito raro, amam – um tema de pesquisa. Eles querem expandir esse conteúdo para além dos muros das universidades e mostrar sua importância, sua beleza ou sua aplicação.


Seu público-alvo, por sua vez, geralmente é composto por leitores interessados no assunto, mas que não o conhecem em profundidade. É, inclusive, muito comum que essa obra seja um incentivo para a formação de novos pesquisadores.


3.1.2 Profissional


Além de ser dependente da ciência, nosso mundo é altamente especializado. Se precisamos, por exemplo, de um plano alimentar, vamos atrás de um nutricionista, certo? Porém, qual não é a nossa surpresa ao descobrirmos a existência de nutricionistas comportamentais, nutricionistas veganos, nutricionistas esportivos, nutricionistas para gestantes, nutricionistas que só trabalham com determinadas condições de saúde, como transtornos alimentares, diabetes, pós-bariátrica... É muita variedade!


Portanto, não há, apenas, incontáveis profissões. Dentro de cada uma delas, existem outras inúmeras subdivisões, muitas das quais são desconhecidas do grande público.


Logo, as obras de divulgação profissional são cruciais para esclarecer a população sobre essa gama de atuações.


A obra de divulgação profissional é aquela que se destina a apresentar uma profissão a partir de um tema factual específico.

Seus autores são profissionais liberais ou autônomos de diversas áreas de atuação, como médicos, advogados, contadores ou arquitetos, que dominam – e, não muito raro, amam – um ofício e sua especificidade. Eles querem contar suas experiências e seus aprendizados e, partir deles, mostrar a beleza e os desafios da carreira.


Assim como na obra de divulgação científica, seu público-alvo geralmente é composto por leitores interessados na profissão, mas que não a conhecem em profundidade. É, inclusive, muito comum que essa obra seja um incentivo para a formação de novos profissionais.


3.1.3 Metodológica


Outro aspecto marcante do nosso mundo é a massificação do uso da internet. Graças a ela, expandimos o alcance de atividades de um modo nunca experimentado pela humanidade. O e-book, como visto, é o resultado disso: ele chega para mais pessoas do que o livro físico. Ele, no entanto, não está sozinho. Os cursos online possuem as mesmas características.


Esse tipo de curso permite que qualquer indivíduo ensine outros sem depender dos limites materiais de uma sala de aula convencional. O maior dos auditórios do mundo é o Concert Hall, na Austrália. Nele, 2690 pessoas podem se sentar para ouvir um palestrante. No ambiente virtual, o mesmo palestrante pode se comunicar com o quíntuplo de pessoas ao mesmo tempo.


Via de regra, os cursos digitais funcionam por meio de métodos. O professor ensina um passo-a-passo para atingir determinados objetivos. Ele pode ensinar, por exemplo, a melhor forma de estudar cada uma das disciplinas que cai no vestibular, o melhor modo de adestrar um filhotinho ou a melhor maneira de gerir as finanças domésticas.


Porém, muitos desses cursos se limitam ao formato audiovisual e aos PDFs com os resumos das aulas. O cliente não tem acesso a um material escrito e organizado para se apoiar.


Logo, as obras de divulgação metodológica são cruciais para enriquecer os cursos online.


A obra de divulgação metodológica é aquela que se destina a descrever um método a partir de um tema factual específico.

Seus autores são quaisquer pessoas que têm um curso online com um método bem estabelecido. Eles querem que seus alunos tenham mais uma forma de acesso ao seu conteúdo.


Seu público-alvo é, quase sempre, composto pelos alunos do curso. No entanto, a obra de divulgação metodológica também pode servir como ferramenta de marketing na medida em que o leitor pode conhecer o curso e o professor por meio dela.


3.2 Biografias


Até o início do século passado, dez seres humanos repousavam no solo da Caverna Skhul, em Israel. Seus descansos foram perturbados por arqueólogos, que os tiraram do chão, limparam seus ossos, recolheram seus pertences e os levaram para o laboratório.


Os estudiosos os denominaram de “Skhul 1”, “Skhul 2”, e assim sucessivamente. Eles descobriram alguns fatos sobre esses Homo sapiens: que viveram há muito, muito tempo, cerca de 100.000 anos atrás; que conviveram com nossos primos neandertais; e que foram enterrados com conchas, mas os animais marinhos não faziam parte de sua alimentação.


O que tornou os Shkuls conhecidos? O acaso. O que nos permitiu saber sobre alguns aspectos de suas histórias de vida? Seus ossos, seus DNAs e seus acessórios fúnebres. Quantos, como eles, existiram e nunca saberemos nada a respeito? Muitos.


Para nossa sorte, somos seres humanos com acesso à escrita. Não dependemos da causalidade para sermos donos das nossas narrativas de vida. Nós podemos registrá-las. O manuscrito que abarca esse fim é a “biografia”:


A biografia é a obra que se destina a narrar uma trajetória de vida, seja de uma ou de mais pessoas reais, seja de uma organização.

A partir de uma linguagem acessível, suas principais funções são contar uma história real e entreter o leitor. Sua escrita é repleta de descrições de lembranças e de eventos significativos, as quais transformam um mero relato factual em uma prosa interessante.


3.2.1 Biografia pessoal


Como seria interessante enxergar a vida através das lentes de uma criança da pré-história, como uma das Skhul encontradas em Israel. Como seria curioso ter acesso aos relatos de suas brincadeiras... Como seria legal saber se ela tinha um animalzinho de estimação ou um amigo imaginário... Só podemos, no entanto, especular.


Você, porém, pode contar e recontar suas experiências de vida em qualquer fase do seu desenvolvimento por meio de uma biografia pessoal.


A biografia pessoal é a obra que se destina a narrar parte da história de vida de uma pessoa real por meio de sua perspectiva individual.

Como a biografia pessoal depende da presença do autor, ela sempre estará limitada aos aspectos da sua vida que ocorreram até o momento da escrita.

Além disso, como a vida de um ser humano é vasta e complexa, essa modalidade biográfica, em regra, é escrita a partir de recortes temáticos, como é comum nos gêneros de não ficção.


Seus autores são quaisquer pessoas que queiram expor relatos e experiências sobre a própria vida.


Seu público-alvo, por sua vez, é seu espelho: quaisquer pessoas que queiram ler os relatos e as experiências de vida do autor. No entanto, o autor estabelecerá o perfil do leitor para fins de adequação da linguagem a ser utilizada na obra.


3.2.2 Biografia afetiva


Voltando ao exercício de imaginação, como seria interessante enxergar a vida através das lentes de uma mulher da pré-história, como uma das Skhul encontradas em Israel. Será que ela já sofria por amor ou se comportava de modo que incomodava sua família? Impossível saber.


Você, porém, pode contar e recontar seus sentimentos e suas relações com pessoas queridas por meio de uma biografia afetiva.


A biografia afetiva é a obra que se destina a narrar a história de vida de uma pessoa real por meio das relações significativas que nutriu com outras pessoas.

Diferentemente da biografia pessoal, que é individual, a biografia afetiva foca nos vínculos sentimentais que o autor tem com entes queridos. Esses laços tendem a ser familiares (entre membros da mesma família), amorosos (entre casais), fraternais (entre amigos) ou interespécies (entre seres humanos e animais não humanos).


Seus autores são quaisquer pessoas que desejam compartilhar relatos e experiências acerca dos elos afetivos que marcaram ou que ainda marcam sua vida.


Seu público-alvo é o mesmo da autobiografia: quaisquer pessoas que queiram ler os relatos e as experiências de vida do autor. Contudo, o autor estabelecerá o perfil do leitor para fins de adequação da linguagem a ser utilizada na obra.


3.2.3 Biografia organizacional


Os grupos humanos na pré-história eram pequenos. Porém, é certo que tinham algum nível de organização, com objetivos e conquistas comuns. Afinal, planejar o futuro e executar projetos é coisa de ser humano. Vamos imaginar de novo, como seria interessante enxergar a vida através das lentes de uma organização da pré-história. Como será que eles planejavam as pinturas nas cavernas? Como será que eles planejavam as caças e as colheitas? Só temos suposições a respeito.


Você, porém, pode contar e recontar a história de uma organização a qual pertence por meio de uma biografia organizacional.


A biografia organizacional é a obra que se destina a narrar a história de uma organização por meio de um de seus membros.

Diferentemente da biografia afetiva, que foca no elo sentimental, a biografia organizacional foca na construção de uma instituição social. Essa entidade tende a ser uma empresa, um instituto, uma fundação ou uma organização não governamental.


Seus autores são os membros da organização autorizados a apresentar relatos e experiências sobre a trajetória da sociedade.


Seu público-alvo é o mesmo das biografias anteriores: quaisquer pessoas que queiram ler os relatos e as experiências da organização. Contudo, o autor estabelecerá o perfil do leitor para fins de adequação da linguagem a ser utilizada na obra.


✦✦✦


4 Qual é a importância do ghostwriting?


Imagine um mundo de clones. Nele, todas as pessoas têm as mesmas habilidades. Porém, ele funciona como o nosso, com as mesmas exigências profissionais. Alguns deles são sortudos e podem trabalhar de acordo com suas tendências. Os azarados têm que se submeter a tarefas naturalmente difíceis e, por isso, vivem desgastados.


Agora, pense no quanto essa desigualdade torna tal mundo limitado. Pense no desperdício de talento dos clones infelizes e na baixa qualidade do que eles entregam. Mesmo que ele funcione como o nosso em termos superficiais, ele está muito abaixo em termos de bem-estar.


No nosso mundo, como as pessoas nascem com predisposições distintas, recorremos a especialistas diferentes para satisfazer nossas necessidades. A maioria de nós é incapaz de fazer uma autocirurgia com sucesso ou de resolver os problemas estruturais da própria casa.


A importância do ghostwriting está, justamente, no oferecimento de uma habilidade que muitas pessoas não dominam ou, simplesmente, não podem exercer em certa fase da vida. Logo, o escritor fantasma é a pessoa que sana a dificuldade que elas têm com a escrita, seja por inaptidão, seja por falta de tempo.


Imagine, se todas as grandes histórias ou ideias do mundo fossem contadas apenas pelos próprios autores, o quanto seria perdido? O quanto seria incompreendido? O quanto seria ignorado? Ou elas morreriam na mente dos autores, ou nós teríamos acesso a elas a partir de escritos de baixa qualidade, como os trabalhos dos clones azarados.


É certo que a escrita é uma habilidade que pode ser aprendida e melhorada. Mas, e se a pessoa não quiser? Ela tem que ser punida pela sua falta de vontade? Obviamente, não. Assim como eu não posso ser punida pela minha inabilidade de cortar cabelo e minha dependência da cabeleireira que me atende.


Não é justo que pessoas que anseiam ter um livro sejam impedidas simplesmente porque não conseguem escrever bem ou porque as demandas da vida as impedem de fazê-lo. O ghostwriter existe para tornar esses desejos possíveis. Ele é, em última instância, um realizador de sonhos, como muitos outros profissionais.


✦✦✦


5 Quem é o ghostwriter?


No Brasil, o ghostwriter é muito associado ao profissional formado em Jornalismo. Nesse curso, ele aprende o essencial: entrevistar, pesquisar e escrever. Mas não é necessário ser jornalista para ter essas proficiências.


No curso de Direito, por exemplo, não me ensinaram a fazer entrevistas, mas me ensinaram a escrever peças jurídicas. Para construir esse documento, precisamos ouvir uma pessoa e reproduzir os fatos narrados, mais ou menos como um jornalista faz. Já no curso de Psicologia, o processo de escuta ativa foi intensificado. A entrevista é um método de pesquisa qualitativo que aprendemos e que pode ser adaptado ao ghostwriting. E os estágios, sem dúvida, fornecem uma boa base para a consolidação das aptidões emocionais e cognitivas essenciais para lidar com outro ser humano e ser sensível às suas necessidades.


No mais, como sou uma leitora e uma escritora praticante desde pequena, a experiência me trouxe uma boa escrita. Além disso, passei por processos de capacitação na área, me alimentei de livros técnicos e tenho materiais para me auxiliar nos trabalhos concretos.


Essa autonomia para exercer a profissão de escritor fantasma acontece porque ela não é regulamentada. Assim, em tese, qualquer pessoa pode ser um prestador de serviço de ghostwriting. Basta ser comprometido, estudioso, atualizado e entregar um bom trabalho.


O grande diferencial desse profissional é a integralidade: ele conhece muito bem sua língua materna, como um revisor; domina as boas práticas de escrita, como um preparador; e sabe concatenar tudo isso da melhor forma possível, como o escritor que é.


✦✦✦


6 Quanto custa um ghostwriting?


Como visto, o ghostwriting está presente em diferentes mercados, como o de livros, o de marketing, o de audiovisual, o de artes e o de músicas.


Logo, cada um desses nichos tem sua própria prática de valores. Porém, por quase sempre se tratar de uma prestação de serviços, cada escritor dará o preço que considera justo para seu trabalho. Como em qualquer caso, há o risco de o barato sair caro.


Vou focar nos valores correntes dos escritos que tratamos acima.


Tanto no caso das biografias quanto no das obras de divulgação, o valor de um ghostwriting vai depender de muitos fatores, como o gênero do livro, a extensão do original, o grau de profundidade das informações, a experiência do profissional e o prazo para ficar pronto.


Porém, o mais comum é que o preço do ghostwriting de manuscritos seja ou um valor fixo, acordado previamente, ou um valor calculado a partir da quantidade de laudas. O tamanho de uma lauda geralmente varia entre 1.200 e 2.200 caracteres com espaço. Aqui, na Merida Escrita, trabalhamos com a primeira opção porque entendemos ser mais fácil quantificar as diferentes etapas do serviço dessa forma.


Diferente dos serviços de preparação e de revisão, que apresentam mais estabilidade no custo, é possível encontrar profissionais que cobram R$ 5.000,00 por um original e profissionais que cobram R$ 50.000,00.


O fato é que, por ser um trabalho complexo e de grande responsabilidade, o investimento em um ghostwriting é elevado. Afinal, um bom manuscrito não se faz do dia para a noite e o escritor fala em nome de outra pessoa, o autor, que irá arcar com os custos das eventuais críticas. Essa dedicação tem um custo.

✦✦✦


Encerramento


Parabéns! Você aumentou seu leque de conhecimentos ao compreender os pormenores do ghostwriting.


Se você tem um conhecimento para compartilhar ou uma história para contar, mas não sabe como fazê-lo ou tem algo que o impede nesse momento, considere fazer um projeto conosco! Estamos aqui para colaborar com você. Pode nos chamar! Teremos muita satisfação em ser o meio pelo qual você deixará sua marca intelectual no mundo.


Obrigada!


Até mais!

bottom of page